terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O que eu seria se eu não fosse

O que eu seria se eu não fosse? Eu seria estrela cadente arrastando milhões de beijos e céus comigo onde eu fosse. Eu seria aquele azul que só um dia bonito consegue exalar nas nossas cabeças. Eu seria riso de criança querendo abraçar todas as bonecas a um só tempo. Eu seria o que se gasta de bom e se refaz melhor ainda. Eu seria suspiro sufocado de amantes loucos. Eu seria livro lido, devorado, devassado e fincado no coração do leitor. Eu seria notícia que faz sorrir o dia todo. Eu seria a paz de amar e ser amado. Seria a madrugada inconseqüente de amor e muita liberdade. Eu seria a alegria mais escandalosamente reprovada da sociedade. Eu só não seria sono... sono não!
Pois eu não iria querer perder nenhum segundo sagrado disso!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Os versos e a fraude

tanta coisa aconteceu na minha vida!
...

eu não valho a pena,
à busca
regresso da memória,
à forte força eu não sou nem capital
de máquina movimento ousado
vínculo
vício
vindo isso e tal
do suporte leve de esperanças
eu tranquei um balde e meio
traquinei o meu passeio
ode morna
eu estou abaixo
onde o caldo entorna
levemente capitão
me usa ser isso,
se precisar eu me esquivo,
se precisar eu me esquivo,




eu não valho um tostão.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Tirando a infecção do espelho

tirando a infecção do espelho
a dor,ainda verve
e eu não consigo ser gente
nem mesmo vapor(de gente)
escrevendo um monte de antipatias
as coisas estão ficando cada vez mais mesquinhas
aonde eu vou dar não vai dar certo
talvez eu produte de tudo
um monte de baixarias num papel desinformado
anotarei o esquema e depois o retorno

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Lúcida

Já me derramei por hoje,
e estou lúcida.
Leite para loucos
faço uso.



Excruciante ser eu mesma.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

1/4 de mim

Imper(feita) de medo,
de substrato, de mal,
me choro, me desço,
umedeço.
Ponto cego, ponto exposto.
Gaveta guardada de sonhos e céus.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ato reflexo de uma vida medíocre

Há uma vida que me aparta dela.
E há um poema para cada gesto,
não considerando, a minha existência.
Os poemas não vão deixar de existir.
Eles são meu carnaval reflexo,
meu acento circunflexo,
meu modo de parir.

sábado, 27 de novembro de 2010

Do nada ao receio

Do nada ao receio
é alto o seu percentual de problemas
e você não precisa da lógica pra saber
alto nível
de sangue e massa encefálica
pense demais e o poema te estraga
guarde demais
do vazio ao nada .
Porque só quando soube
prestei atenção
da didática avançada
dos que vivem na escuridão
rimando letras com bordas de pia,
te assusto e tu sangras vazia
pede da dor
e ela te dá mais que o perdão
enquanto te afastas
me assalto
essa é a minha extensão
e alto é o muro do meu dilema
pois nem juntando 1 consoante e 2 tremas
você não calcula 1/3 da imensidão.
Por acordar-te,entenda bem,
não sou eu quem faz o dia
e rimas patéticas
que em seu esplendor não pedem
olhar faminto da arte abstrata
vazio do oblíquo
confuso do obtuso
melhor que não ser Nada.
Essa coisa do passar de ano
hoje acordei meio dadá
-ísta - ego - ísta - dada - ísta
rima tosca não insista.
Leia o letreiro e não perturbe a porta
por mais torta que ela seja
por mais porta que ela seja
por mais porca que ela seja .
Pronto estou de novo, rimas e assobio
Mas, o que melhor que o vazio
pra rimar comigo?
Vou entregar a arte ao coro dos Ser-não
Aquela coisa que junta
que é pra dentro sem norte
aquela coisa da sorte
sorte que não abunda
rimas em cordel
um laço
enrosco ouro
paladar de fino trato
sem linha
e preciso de um final decente pra esse poeminha .

A dor é uma angústia sem copo
de cerveja, vinho ou caipirinha .









A dor é uma angústia sem corpo .

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 5

Junto os pontinhos dessa coisa toda. Há mais no Universo propriamente dito. Licença poética e contra-senso. Preciso ser o sentido seco que te cerca. Uma palavra semi-aberta. É lento e desumano o mundo em que amamos. Ardor em ver-te.
Preciso existir-você para ser-eu.
Calígula da minha sorte. Há no desânimo algo que amarro. Fogo,combustão. Toda esta história inventada, tudo que caminha-deserto. O que é veneno, morto está. À mais antiga injúria te juro. Não te quero à tira-colo, futuro enluarado, prateado. Não! Te quero à sorte e tudo! Te quero à amor e mundo! Te quero para parar de te querer. Te quero no instante-que-é-sofrer. Toda aquela coisa junta. Te quero livro na estante para te ler à bel-prazer. Te quero analfabeto de amar. Te quero para te curar. Te quero para não-ser. Pois bem sei do teu modo vida-e-gesto. Te quero ingratidão e desafeto. Te quero grave, ferido e complexo. Todo exceção de uma regra confusa. Desmente que precisa! Essa coisa batida de usar o que não se usa! Te quero adormecida de sacrilégio. Te quero até onde a rima não vai. Repleta de amor ela ainda se sustenta. E vai.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 4

Eu preciso antes ser grande, para escrever assim. À espreita de alguma coisa poética. Porque meu Universo é grande mas não se contém. Educo-me na arte de vencer distâncias. Não deixo o tempo falar, cruel pressentimento. Aguardo nisso, tudo aquilo que foi e nunca será. Preciso morrer pra depois acordar. Essa é a lógica da minha ciência. O ponto perverso do meu desamparo. Escuro muro da minha altivez... elétrico, sem sentimento, profundo, um mundo. Um nada,uma outra vez. Espero o porvir e enlaço a morte cheia de morte. Há tanto desamor que a desordem acaba. Quem foi que começou com este inferno?
Ladro à procura de um beco sem vontades...

sábado, 13 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 3

Na linha paralela da minha vida, caminho por entre as minhas tristezas. Devota de uma dor que se alimenta de nuvens. O que é belo, só pega os calcanhares. É um pacto. Fale baixo para não acordar as sombras... Estou elevada. Um peso sem igual medida. Um poema sem partida. A única coisa que me locomove, é a mentira, estado gasoso de uma verdade sólida. Tragédia. Quieta, quieta, quieta, lamuriante, quieta. Quieta como um Túmulo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 2

As coisas não funcionam assim. Você tem que se sentir muito em cores pra fazer poesia. De frente para o vento. Coração alegre,mar. Só Deus sabe o quanto sou má... o quanto meu mundo é mesquinho, o quanto a minha artilharia é pesada, o quanto meu amar é cansado. Devo deixar a tentação da morte me pegar? Raquítico sentimento. Tenho medo de escrever. Tenho medo de escrever e não falar a verdade mais encostada a mim. Tenho medo desse instante pesado. Tenho medo da minha academia de sonhos e loucuras. Único estar cintilante,única obra linear! Ai, se eu simplesmente pudesse raiar por aí! Nas febres das maiores loucuras!... Ainda me ajoelho e rezo sobre as minhas migalhas. E sinto o mundo todo neste instante. O instante é perverso com a tinta permanente. Eu seguiria o ponto se ele me permitisse. Porque esta sensação de não-ser, rouba-me todos os tecidos humanos. Porque eu podia ser bem mais que o riso transpassante. E não tem você,que seja mais puro que isso. Do que a leveza de um instante-amor que a obrigação corrompe. No meu quarto-de-sonhar eu sou rainha do Universo. Em vísceras com a verdade.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Fluxo de consciência

Há tempos que cultivo esse suspiro. Medo embalado da pior verdade. E é tudo tão raro,tudo tão claro. Acho que não domino meu mundo direito. E não tem palavra que me corresponda. Tenho memórias de um tempo em que quase achei que seria feliz. A mais livre janela do Universo. Sobre olhares pouso medo. Angustio a minha paz. Um clichê esparramado na cama. Sobre que partes disto me deito? Mais um dia em que me escondo no meu nome. O amor demais transborda etílico. Não há porto,nem milagre. Essa música desperta infâncias em mim.Quanto mais sorrisos,mais mortes.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Carta para a amiga distante

Delicado abrigo das convulsões da alma humana. Quero cobrir-me do teu pó de fina essência. Porque no fim, o relógio tornou-se um ditador totalitário. E teu perpassar coabita com meu desespero. E tudo o que em minhas veias pulsa é soma do teu desprezo. É quando fazer sentido não é nada mais que uma piada fúnebre. E corre,corre de mim,natural como oxigênio nos pulmões. Aquecido desejo morto de tudo que não há ... porque sou reincidente de mim.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010





Passeio ID



Cemitério de mundos
eu sou
um mundo,um surdo
eu sou
um corvo,uma trova,
eu sou,
um carinho,um silêncio
eu sou
eu havia havido
eu sou
eu comia caminhos
eu sou
contando caroços,catando destroços
eu sou
comendo uma parte do mundo cão
eu sou
a leve estatura do coelho-sonho
eu sou
o mundo-bastante,o mundo-senão
eu sou
a cara encerada do velho que passa
eu sou
a bala perdida no peito enterrada
eu sou
o coração difuso que arma mais nada
eu sou
um monte de gente caindo serpente acima do chão
e não vou ser mais nada
canto outro










Eu sou-não.













quarta-feira, 6 de outubro de 2010

esse parece ser coisa.

eu vou morrer à pranto podre
eu vou vigar vida e sabores
onde vazo e desperdiço
um limo,
fruto sem viço
uma noite infestada de senão
infinitamente muda
cinicamente só e surda
viva em morte
morta em pão
aquela coisa no metro que resta
só,ponta de uma aresta
mentindo até pra solidão
causando parafuso
metendo à medo o mundo





amante do bicho-papão.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Perdas e danos

Ando tão pouco para tudo
ando tão mundo para gesto
ando tão grande e infinita
na sola dos meus pés
desgasto mais um dia.
Colando recordações
em um e outro
empírico momento,
dor é mais que erra.
Uma ponte,
valente preposição,
oposto disposto
a te ver no chão.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A alma do negócio

Deixo brincar meu cansaço,meu tempo.
Se penso demais o instante não vive.
Sou tanta,
sem leve sortimento.



Sou mais em mim,down.
Curo,dorme,enlaça,enleia.
Palavras de um coração que lasseia.
Pulsa metálico,
e arco de vidro,divino.
Cesta básica,sesta,minha inanição.




Derrapo,
meu pai,
minha dor.
O que não posso ser,
posso mais do que eu.
Uma mentira-elefante.
Neologismo lógico não chega a nada.



Nem para o vazio escrevo.
Porque ele não gosta do Nada.
Vai com teu poema-pena para o Inferno!




Em se tratando de poesia,
Desajuste,é a alma do negócio.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um doce,overdose

Estou cansada
de olhar um mundo que não pude
olhar o amor meio amiúde
cavar à cinza escuridão
sentimento forte a que pertenço
todavia um clarão
um ópio escuro
amarro o pé
finjo nisso
amarrar o mundo
porque minha voz pede a pé grossa
vindo nisso o que nunca pude
viva nisso o que nunca pude
o que amarro é uma visão gótica
que planta sementeia
odor de luz de março
saio sem fazer estardalhaço
e a regra geral é simples
eu amo o sujo reto onipresente
momento que pressente
avivando nisso mais coisas
poesia simbolista
um amor de prosa à vista
um amor de prosa viva
quebrando de deleites a escuridão
a escuridão sou eu
sou eu e mais a metade que arde
óleo quente nas feridas
uma boa observação
canto mundo sem metáforas
olho tudo à olhos nada
vivo ponto,exclamação.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

[Diário]




Aqui estou eu tentando fazer um diário dar certo e escrever o que eu realmente penso e sinto.
Estou sempre ressentida com alguma coisa ou com alguém. Hoje,pela manhã,foi com a minha mãe,do nada,tivemos uma discussão, fiquei com os olhos marejados de lágrimas(longe da vista dela claro,que não gosto que me vejam chorando).
Essa sensibilidade toda não vem apenas da doença,ela sempre esteve comigo,sempre fui de chorar inútil(olha a poesia estando aonde não deveria estar! rs).
Continuo me entupindo de remédios, faltando à terapia,dormindo demais, e vez ou outra, fazendo um esforço sobre-humano para parecer ''normal''.
Refletindo sobre a bestialidade catastrófica que foi a minha vida(pode soar exagerado,mas o que digo procede,procede mesmo) tenho as explicações detalhadas do porquê de ter chegado até ao que venho ser agora. Nunca me senti num ''círculo''(nunca me senti amparada),por mais que tivesse brinquedos(minha família não é rica,mas tive alguns privilégios),coisas as quais eu almejasse,parecia que não havia nada. Enquanto eu me tornava esse ser humano sem forma(sem alma,como diria minha querida Sylvia Plath)meus pais se degladiavam em brigas idiotas (para alimentarem seus egos inseguros e despreparados para encarar qualquer relacionamento)sobre o pretexto de ciúme.
Assim crescemos eu e meus dois irmãos,no meio desse conflito egoísta e massacrante que nossos pais nos impunham. Não que nos faltasse roupa,comida,escola,nada disso.
Faltava-nos o principal:amor.
Meu pai era uma pessoa extremamente despreparada para a vida,cheio de traumas(o irmão mais velho morrera num acidente estúpido aos 21 anos,a mãe,sempre o colocara em segundo plano com relação ao irmão que morrera, além de minar sua já muito baixa auto-estima com palavras duras),sensível,covarde,irritante,mandão,dono da verdade,voluntarioso,machista,inseguro,irascível e, também,um suicida em potencial. Sabem aquela do a mão que afaga é a mesma que apedreja? Pois é. Ele era assim comigo.Tanto que ele morreu brigado com a minha pessoa. Às vezes sinto uma falta e uma pena dele desmedida e oca. Noutras desejo que ele queime no Inferno(isso se o Inferno existir mesmo).
Minha mãe é um capítulo à parte. Adora se fazer de vítima pra meio mundo,se queixa de tudo,reclama de sua sorte dia sim outro também;não se lembrando que boa parte das escolhas erradas,infrutíferas e totalmente catastróficas que ela tomou(entre elas me por no mundo) foram resultado dela mesma. Dela para ela ,como acontece com todos nós.
Em suma:enfiou o pé na jaca e agora não adianta chorar nem pedir pra Deus. Ela acredita em Deus ou pelo menos é assim que nos faz crer,embora a muito não frequente mais a igreja e nunca vimos mais rezando ou orando(como dizem os evangélicos).
Hoje ela me trata bem melhor do costumava quando eu era criança. Mas vez ou outra ela volta ao velho hábito e dá um jeitinho de mexer nas minhas vísceras. Creio ser ela a grande responsável pela bela bosta de estrutura psicológica(?) que tenho. Fez a merda e ainda não quer consertar(reclama de tudo,desde o preço dos remédios,ao tempo perdido em consultas com psiquiatras e psicólogos).
Ela é indiferente a mim.Uma criança não precisa que alguém lhe diga que ela não é amada,ela sente isso.
Da mesma forma que sinto um amor-ódio sem precedentes pelo meu pai, sinto também por ela. No entanto,a conta dela é mais alta. Mãe é coisa muito forte,muito forte de amor.Ou pelo menos,é o que deveria ser.




Estou muito sensível hoje.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010





O poema que resume a minha vida


Estou de tal forma
doída do mundo
que não basto metáforas.


Um filme em preto e branco
Um semblante
Um modo sobreposto de existência
Onde nada o infinito
(minuto da dúvida)
Onde o amor é mais bonito
E não faço prosa.


Circunspecta repousa
a dor que num vôo rasante
acaba os sonhos,devora esperanças
e ergue um poema.





Calada retraio
de soslaio
a Vida.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A morte adula a morte

Não tenho vontade de admirar o vasto,o espelho que ouve.Não que eu seja frase,inocente.A par demais se tem angústia.Sou do tipo que se agarra a dor até não poder mais.Até não doer mais. Talvez seja esse o único jeito de me sentir viva.Todos os processos me são medo.Agora pouco acabou de passar:eu sou a vergonha dos meus próprios olhos.Quando segurei o passarinho entre meus dedos,ele já estava doente,asmático...depois parou de respirar e morreu.


A morte adula a morte.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pseudo-arte e revolta legítima

Me livrar dos meus tormentos,
chorar os meus lamentos,
lamentar o meu Não-fim.



A Vida vive,
a Vida fere,
a Vida passa,
floresce...


Eu seria tão feliz,
e tudo e flores...



Pro inferno com as equações
que explicam tudo.
Pro inferno com as equações
que explicam meu cárcere.

domingo, 15 de agosto de 2010

O maldito coração

cínica assisto o cinema da rima.
um bloco de notas
pra despejar minhas gotas.
o que sinto eu respiro,
e isso é muito mais que atividade,
é ferro velho da questão.
os meus olhos se fecham para as sílabas,
um lampejo assustado
um caco de vidro calado
um amor de vime.
concentro-me em moer o vidro
e perpetrar a minha morte
horta,que já nasceu anunciada.
o que quero é prazo incerto
e se eu for valente,serei verbo
não consumo escravidão
isso nunca vai me perdoar.
O que fiz pra não amar?
não penso poesia,
apaixono-me pelo belo.
esquecendo-me,
de mim,
verso,
calado,
de um lado,
chorado,
vendido,
exposto,
queimado,
e sem resultado.


Com certa freqüência,posso contar,matemática,
à cálculos precisos,
o tamanho do meu problema-umbigo.
onde fui à rua e nojo
não pergunte,estou estojo.
e sento-me cadeira,
sento-me reflexão,
para nada,párar nada.
a vida é vício,
não contagiante,vencido.
perdido de qualquer capital,
estonteante de palavras,
e tirânico,brutal,
caçador de verbos.



poemas repetidos,
dois ou três sentidos.
à vento aventuro-me projeto
de não gostar de ser coisa.
estou cada vez mais prosa horrorosa
não sentindo o grito,
contagiante suspiro
de acerto poético
e de fonte(hermético)...
e assim,permaneço coisa,
divulgando vida
a quem passar,
martelo-idéia,
telefone,
vou me suicidar...



Acalme-se,torcida!
vou espetar a morte bem mordida
e vou,quero ser eu,ser alguma coisa
vou fingir(ao menos nesse projeto)
que sou o certo,
distúrbio que tem louça.



Viva e ouriçada
mentindo palavra ousada.
eles pensam que pago dívida,
assim,anunciada.
com perfeitos
peitos dourados
com excruciantes
vitaminas de rimas
com toda sorte
de mortes
em cápsulas mínimas.





Os que escrevem(vermes),
são bons em morrer,
eles datam cadernos,
e vomitam,espertos,
suas dores à bel-prazer.




Pra que os outros assistam,
e achem lindo
o que neles fazem perder:
os dentes,o brilho nos olhos,
a cor dos cabelos,
as digitais,
os dedos,
e por fim,o maldito coração.



Autodestruição,o início da via
a pedra sabão,
a bola de ferro,
amarrada,
ao calcanhar do cão.




acreditem,isso valente me tosta!
um tostão arde à vista!
as pernas dão seus passos infinitos
no fim(elas não tem nada com isso)
quem tem dor que leve seu coração
sua caixa torácica
sua parte amassada
sua veia infartada
seu dote-quinhão
seu tiqueti-refeição,
seu lenço,laço,dúvida.
Molhado e atento
à mais uma decepção.
órgão-caroço,
esboço de um rosto,
encarno padrão,
a carne que levo,
aqui dentro,
retorcida,enterro,
meio metro de senão,
asqueroso,que rouba,
até a última gota de morte que sou,
o último norte,o último desterro
o ferro que carrego gelo,
a minha boca falhada.




Olhando o quadro da minha vida
com a boca aberta,
e uma mosca,pousa,esperta,
em cima do meu coração.



Em verdade,vos digo:
não sou o verde
não dito canção.




Maldito jogo:aflição.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alone,alone

eu quero entender a coisa,
aonde ela se veste,
o por trás do isso,
o olho,
onde ela der mais substância
quero ouro pra canção
adivinhação
não percebendo
que eu já estive,
mas onde você não vai
eu tiro de letra,
sopas de letrinhas
dúvidas vovózinhas
olho claro da canção.
E penso nisso
e peno aquilo
o sangue dói
e o preto existe,
que é mais café em riste,
do que essa tua cara de cristão.


alinhando sapatos,cativos retratos
eu não voto,eu não rezo,
eu não limito a minha companhia
à um cardume flácido.


isso muito aonde vive,
é lugar onde não estive
eu resseco
(perverso)
meu universo
à preço de dúvida
endivido a noite
(um céu de poemas)


e mantenho,casto o disco
poemas duplicados
sempre a mesma revolta
sempre a mesma resma,
de papel,mal-disposta


eles me pregam à vil esporte,
traçam o voto,
odeio isso!
vou vetar enquanto posso
meu encontro com o espelho.
[Escaravelho,
demônio encharcado.]


minha mãe tem prego solto
às vezes me olha
(com cara de mil vontades)
poltergeist de meia-idade.


acha que anda e protege
as horas,
ela herege...
tão senhora!


a epopéia aqui escrita
você nunca vai ver em sua vida


ela queimou caneta
deitou veludo
e amassou pão

quero que ele desencoste
que durma no não


palavras...palavras coloridas...
no caderno de colorir que não diz nada
olho,abuso,cuspo
venço...






alone,alone
days in days
if you cannot say
i cannot play

quarta-feira, 28 de julho de 2010

e o ponto final que é o termo da canção.

E eu odeio você!

essa felicidade que eu não convenço...

E eu precisei disso pra cortar,
uma vida,que eu dividia pela metade,
uma arte...
um local onde eu não precisaria mentir,
e eu inventei...

tanto que havia e eu nada lembrava
tratei a angústia(distraída)...


é como se eu não pecasse,
não pecasse porque não soubesse...

eu não me atrevo
eu não travo luta corporal comigo mesma
é inútil tentar...

e mais!e mais vento!
me propondo pra eu errar...

eu acentuo tudo isso na bolsa de valores
ontem,disposta na mesa de olhares
os trocadilhos,as porções de batatas,
os remédios pra curar dores de cabeça de vergonha...

eu,uma inútil informação...
eu,uma inútil em formação

ao pé de tudo isso que é sagrado
procurando sempre vírgulas,
porque eu nunca sei adiantado
eu nunca sei adiantado...

o meu vasto EU hoje não sabe mais de nada,
(eles 3 sabem a nuvem escassa)


há tantos pés que eu te pedi isso...
formulários antigos...


escassa da raça e do perdão...

eu só sou uma agulha de ouro
[arrumadinha pra furar...]


eu não quero conter e eu vou para isso!
''peça a Deus um futuro melhor!''

porque é pra lá que eu rezo...
eu rezo...


nem posso contar o tombo que me custa!
porque eu vi,nuvem e oposta,
trato o olho,a parte amassada,
porque eu nunca sei adiantado...
eu nunca sei adiantado...

eu só sou uma agulha de ouro
[arrumadinha pra furar...]


trato o olho,a parte amassada...






e o ponto final que é o termo da canção.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quieta.

Eu só vou ser eu quando eu parar de tentar ser.Poesia não se faz de vontade amarrada.Eu simples adoeci do isso.Fico feliz por escutar a rosa doce.Pra eu precisar disso teve angústia,o fim da música.Gostar de si mesmo é o começo de um começo.Porque as pessoas passam caladas por desejos habitados.E não existe coisa nisso que eu já não soubesse.Porque pra variar o tempo encurta(caminho do universo).O melhor jeito é assumir-se isso.De quedas e parafusos esticados...eu estive bem alinhado.Alinhado vento,alinhado com meu corpo.Alinhado corpo e copo.Fusão queima fusão.Estou até bem razoável para um nível drástico.Porque eu esqueci disto e fui.Eu esqueci disto e fui.As pessoas não sabem o quanto eu desejei ser elas.Qualquer osso já bastava pro meu cãozinho.Se eu fosse para elas já me bastaria.Eu nem precisaria ser para mim.Mas eu não sou...nem para elas,nem para mim.Olhei a vida com um olhar materialista...mas a vida não é assim,você não compra,nem vende,nem troca,é como diz a Lou Salomé,você rouba.Se fossem uma ou duas coisas...mas são muitas!São tantas que me impedem de atravessar(a ponte,as metáforas).O fim do papo,enquanto tiver,o fim do início...um monte de metas e mais um monte de prejuízo!Me calo e aperta!Aprenda e não erra!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A morbidez que disso se arranca

A dor que pende para um lado
[os poetas e seus atestados]
Eu não sou como eles
(nem sei se existe um eu-sou),
eu sou a dor que eles não podem sonhar,
o homem-limite do tempo que voa.
A poesia precisa de várias formas
[das entranhas que adota].
A prosa pura?
É artifício,dentadura.
A poesia é onde as árvores estão.
Cometendo erros bucólicos,
ela se compadece de veneta.
E está feito o estrago:
o rasgo da pele arrastando multidão,de saída.
Não tendo como escapar de si mesmo,
a gente olha e sangra.
E divide com os outros,
a morbidez que disso se arranca.
Eu-não,prato de discurso.
Eu-não,prato de discurso.







Eu não passo de discurso.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Âmago

Separar dois universos é o pior dos ofícios.Tenho nojo do espaço exato...e da pedra diminuída em mim.Agasalho ruas sem sistema.Esfuziante de angústia.Eu sei o que é poesia.Poesia é o ato da palavra.Ciente das histórias,convivo comigo e não preciso de muita letra,pra saber da paz e do movimento aditivado...histórias para ler.Quero ser honesta com isso,viva com isso.Autêntica autenticação de cola.A poesia que não quer amanhecer.Vivo para o que choro(arrumei pedaços de lã pra aquecer)...Nadja,sempre tive um nome para morrer.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Pedra podre tudo

Eu aprontei um cigarro aceso.E a mesa está em desordem.Técnica e arte.Técnica e arte.O que eu não posso possuir.E tudo me estreita.Vírgula eu,vírgula isso.Não faço sentido.Tanta coisa-caco em profusão.Almas estrelares.Ao fingir um berro solto,ciente que sou,paralelepípedo disso.Ao verter,verto sangue-eu e não há nada nisso-novo,e não há...Porque o contrato está em alta.Não quero precisar mentir vazia.Os finos fios da escuridão.Pregue e conserte.Pregue e conserte.O que foi,que não havia nisso?Eu não soube,eu não consenti.Com calos nas mãos,com vírgulas na língua.Pedra podre tudo.Estou de mal a pior aceitando o escuro.Estou de morte a pior.Eu cansei de ser limite e sombra.Um ponto numa cobra.Almas inertes comigo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Desamarro

Não há vertente.Todas estão enclausuradas.Estou rasa.Estou na vida vinte e três.Falta-me inspiração para ser poeta.O mais bastardo momento se comove das minhas falhas.Como migalhas.Me sento,me sinto.Angústia do tempo,velocidade alterada.Uma fonte nova...tenho certeza que gasta.Fonte gasta.Gasto trocos.Trocados do que poderia.Mas a vida se aproxima de mim.E é grande o gesto.Universo Manifesto.É um universo manifesto!Que bonita são as pontas.Não há lixo nisso.Todo lixo foi exposto...no rosto.Tenho que alcançar(a palavra me diz).Não havia fonte a secar.Nunca houve.Houve um embotamento,e eu,paralisei,só isso.Depois veio a verdade.A verdade é limpa.Ela nos deixa limpos.Uma vez disseram que a guerra é a única higiene do mundo...discordo,a única higiene do mundo é a dor.É impressionante como entorta!Águas de mel valem mil risadas.Não peça para fazer sentido,fazer sentido é chato e sem gosto.Para ter gosto,você tem que se deixar.Se deixe.Isso,apenas se deixe.Uma liberdade única experimento.Melhor que todas as que já imitei.Melhor que todas as glórias.Mil vitórias!Estou feliz que não insisto.Desamarro.Uma vida que podia ser usada como oração.Livrai-me de tudo-eu.Amém!

sábado, 10 de julho de 2010

Retalhos de uma mente esvaziada

Sem saco para sentido.Eu não respiro em mim.A noite me desconfia[cada pedaço camuflado].Então terrível me perde[a porca que assina].

quinta-feira, 8 de julho de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Estou parada

Todas as coisas que escreverei são livres trejeitos.Conter a dúvida é um livre incesto.Não me pergunte porque não faço mais poemas,espantei valer a pena.Rimas da ocasião.Um ouro fosco.Um pé(sem dúvida!)a meio metro do chão.Meu peito pesa,mesmo sabendo que não havia centímetros.Não discuto comigo,meu coração é canibal.E eu não precisava de mais essa dor.Não sei o que faço com esse abrigo.Estou tão pobre...estou seta.Comigo a alegria não tem meta.Variados doces da escravidão.Meu pé que cheira.Eu olho todos e não vejo perdão.E não me livro dessa data.A véspera esperada.A conta averiguada.Gosto de luz e servidão.Não vou anarquizar o poema.Antes cansada,agora alivio o poema.Baixo minha cabeça para ritos diversos...os gritos.Não há,não existe nada em volta de mim.Porque eu estou envolta de nada.Nem chorando por você eu deixo de sentir nada.Se eu escrevesse como os outros eu não seria eu,seria perda de tempo.Nem os hematomas doem mais(meu sangue coagulado de dor).Por que eu choro por uma coisa que nunca tive?Eu não consigo parar de não ser nada.Morrer é qualquer coisa melhor do que isso.Acho que no fundo mascaro não ser nada lamentando por ti.Estou parada,o oposto das seis.Seria melhor não dividir.Não consigo sentir a coisa sensível.Sempre me comparando com os outros,os outros são mais,decididamente são mais.É difícil escrever eu mesma sem penar.Meu Deus,até quando ficarei assim?Não tenho forças para mais nada.Nem para andar em linha reta.Oficializo uma comunhão(sistema prisional de antemão).Escrevendo cascas de ovos.Ódio composto!Nem para odiar eu sou eu...e é isso que mais me ressente.Até quando fui muito eu não era eu.Sempre senti essa coisa estranha.Sempre senti essa solidão nas entranhas.Mentira.Mentira.Nunca fui nada a não ser mentira.Antes de qualquer coisa...(eu?)sou problema meu.