quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Retrato ao avesso aos pés da minha verdade

Estou sempre redundando
em mim.
Exata,
do meu próprio preço.
Ciente e cínica.



A casca diz mais,
do que o projeto de céus
que fui um dia.
Toda verdade tem
um cinismo teórico,
de um cinismo teórico,
mentiroso por dentro.



Procede.
Procede.
Procede.




Se eu pudesse
escapar de você,
eu estaria em paz com o Inferno.



E como não Sou,
faço questão de não Ser.
Não como do prato da Vida,
em grandes colheiradas.
Porque a verdade,
está aos pés da morte.
E já tenho meu quinhão de piedade.






Por hoje,
já tenho do que padeço.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Bebida Amarga

Eu só queria morrer
Morrer de todo sofrimento
Trincar a dor
Como se ela fosse
um copo de vidro .



Derramar a vergonha
como se derrama
de qualquer coisa
um litro .

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Prisioneiro

A mente precisa ser livre
e parar de ser isso
a mente que joga com o abismo .
A mente devora em sã consciência
a sã consciência .
Alimento o vazio cheio de palavras
com a graça alinhavada
dos que não têm nada .

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

não escrevo porque não quero explicar

mandar páginas e páginas
de não-sou-eu
do que eu não devesse
talvez eu escreva a modo de ''soube''
não escrevo porque não quero explicar
o que vale é a intenção sutil
ódio myselfiano

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pão

O belo... do papel disperso. Tanta coisa passada à letra. A única felicidade que existo é isso. O que eu começaria seria borda doce. Irrelevante e pequena. Porque eu quero o imenso mundo ouvindo-me, dando à minha existência segundo de atenção. Parando supermercado de receber pão. O que eu filmei por minha conta e risco. Escrevo isso e minha garganta dói. O que eu queria nisso não foi querido. Um vinho polido de etcétera e tal. Os grandes remorsos do planeta-eu... pré-existentes me consomem fraco. Havia dormido e dormido. Passei a vida dormindo e só agora acordei, só que acontece, que não apetece, à coisa, se fazer tema da minha existência(?). Dormi valentia, acordei covardia, bom bordão pra açúcar e pão. Quem vai dizer o que é melhor pra minha poesia? Havia um porteiro ao pé disso tudo. Ele se chamava Lúcido. A caverna ao seio ancorado. As luvas, as dores, a fisioterapia, nada disso servia à Lúcido. Lúcido era um cara cheio de si,não se perturbava pois se bastava, se bastava alimento... um dia morreu de tanto comer. Meu pai saía, e se dividia, meu pai procurava do cristal a cor. Eu sabia que ele existia, eu o via, ele comia no prato onde se afogou. Minha mãe uma humana presente, presente de casca, não de coração. Minha mãe tem aquilo que pára, minha mãe não dá tudo ao nada. Uma estranha conjugação. Meu irmão come alarido, meu irmão olhar-compaixão, meu irmão quer buscar mil caminhos, destino florido na palma da mão. Minha irmã é uma rosa-perdão, uma borboleta atrapalhada, mas tem coração. Se tem e pra doce se veste. Quem olha não diz que passamos escuridão. Quem olha não vê tanta palavra, não consigo cabide pra pendurar tanta mágoa, tanto riso, tanto choro do cão. Alguns acham que um comprimido resolve. Outros,uma bíblia na mão. Outros um verso, uma prosa... Eu? vida que quero perdão.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Reticências e maledicências

legítima fonte de engano:
eu, cadáver suave
preciso dessa peça
pra me vestir,
pano pode,
mas o problema,
é que só de dor quero me cobrir ...

domingo, 9 de janeiro de 2011





Pouco

Quero dormir
em um grande domingo
da minha vida.
Onde eu não possa
nem pouse.
Onde o critério da dor
não seja mais a dúvida.
Onde sem mim
eu possa pedir
perdão por isso.


Velho afetado,
testamento em Vida,
grande e mulambento.


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ninfa

Por que você se ousa?
Por que você fere
(no viva-voz)?
Alternativa sem ter outra.
E você,
continua,
passando,



medalha de ouro.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Outra repetição

ao verso,

discurso sem ter pêlo,

que me proteja,

da Santa Inquisição

porque a poesia,

não é minha amiga,

ela trabalha em outra repartição

ela trabalha em outra repetição.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

sou tudo que não quero ser

...

que é toda morte que me acerta sorte

viga a vida

sem a menor intenção

não sou pra casar

não sou para não casar

sou para morrer

vencer o tumulto

acima do luto

sou tudo

e broto

acima do mundo,

sou tudo que não quero ser,

à fato de vida suada

sou tudo que quero ser

sou Túmulo,

apaziguada.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ópio sentimental

Precisar palavra
mansa
é coisa que não sei
de cor.
De frente
pros meus encantos
meus cantos
efeito barato
meu ópio
sentimental.