terça-feira, 30 de novembro de 2010

1/4 de mim

Imper(feita) de medo,
de substrato, de mal,
me choro, me desço,
umedeço.
Ponto cego, ponto exposto.
Gaveta guardada de sonhos e céus.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ato reflexo de uma vida medíocre

Há uma vida que me aparta dela.
E há um poema para cada gesto,
não considerando, a minha existência.
Os poemas não vão deixar de existir.
Eles são meu carnaval reflexo,
meu acento circunflexo,
meu modo de parir.

sábado, 27 de novembro de 2010

Do nada ao receio

Do nada ao receio
é alto o seu percentual de problemas
e você não precisa da lógica pra saber
alto nível
de sangue e massa encefálica
pense demais e o poema te estraga
guarde demais
do vazio ao nada .
Porque só quando soube
prestei atenção
da didática avançada
dos que vivem na escuridão
rimando letras com bordas de pia,
te assusto e tu sangras vazia
pede da dor
e ela te dá mais que o perdão
enquanto te afastas
me assalto
essa é a minha extensão
e alto é o muro do meu dilema
pois nem juntando 1 consoante e 2 tremas
você não calcula 1/3 da imensidão.
Por acordar-te,entenda bem,
não sou eu quem faz o dia
e rimas patéticas
que em seu esplendor não pedem
olhar faminto da arte abstrata
vazio do oblíquo
confuso do obtuso
melhor que não ser Nada.
Essa coisa do passar de ano
hoje acordei meio dadá
-ísta - ego - ísta - dada - ísta
rima tosca não insista.
Leia o letreiro e não perturbe a porta
por mais torta que ela seja
por mais porta que ela seja
por mais porca que ela seja .
Pronto estou de novo, rimas e assobio
Mas, o que melhor que o vazio
pra rimar comigo?
Vou entregar a arte ao coro dos Ser-não
Aquela coisa que junta
que é pra dentro sem norte
aquela coisa da sorte
sorte que não abunda
rimas em cordel
um laço
enrosco ouro
paladar de fino trato
sem linha
e preciso de um final decente pra esse poeminha .

A dor é uma angústia sem copo
de cerveja, vinho ou caipirinha .









A dor é uma angústia sem corpo .

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 5

Junto os pontinhos dessa coisa toda. Há mais no Universo propriamente dito. Licença poética e contra-senso. Preciso ser o sentido seco que te cerca. Uma palavra semi-aberta. É lento e desumano o mundo em que amamos. Ardor em ver-te.
Preciso existir-você para ser-eu.
Calígula da minha sorte. Há no desânimo algo que amarro. Fogo,combustão. Toda esta história inventada, tudo que caminha-deserto. O que é veneno, morto está. À mais antiga injúria te juro. Não te quero à tira-colo, futuro enluarado, prateado. Não! Te quero à sorte e tudo! Te quero à amor e mundo! Te quero para parar de te querer. Te quero no instante-que-é-sofrer. Toda aquela coisa junta. Te quero livro na estante para te ler à bel-prazer. Te quero analfabeto de amar. Te quero para te curar. Te quero para não-ser. Pois bem sei do teu modo vida-e-gesto. Te quero ingratidão e desafeto. Te quero grave, ferido e complexo. Todo exceção de uma regra confusa. Desmente que precisa! Essa coisa batida de usar o que não se usa! Te quero adormecida de sacrilégio. Te quero até onde a rima não vai. Repleta de amor ela ainda se sustenta. E vai.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 4

Eu preciso antes ser grande, para escrever assim. À espreita de alguma coisa poética. Porque meu Universo é grande mas não se contém. Educo-me na arte de vencer distâncias. Não deixo o tempo falar, cruel pressentimento. Aguardo nisso, tudo aquilo que foi e nunca será. Preciso morrer pra depois acordar. Essa é a lógica da minha ciência. O ponto perverso do meu desamparo. Escuro muro da minha altivez... elétrico, sem sentimento, profundo, um mundo. Um nada,uma outra vez. Espero o porvir e enlaço a morte cheia de morte. Há tanto desamor que a desordem acaba. Quem foi que começou com este inferno?
Ladro à procura de um beco sem vontades...

sábado, 13 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 3

Na linha paralela da minha vida, caminho por entre as minhas tristezas. Devota de uma dor que se alimenta de nuvens. O que é belo, só pega os calcanhares. É um pacto. Fale baixo para não acordar as sombras... Estou elevada. Um peso sem igual medida. Um poema sem partida. A única coisa que me locomove, é a mentira, estado gasoso de uma verdade sólida. Tragédia. Quieta, quieta, quieta, lamuriante, quieta. Quieta como um Túmulo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Fluxo de consciência - parte 2

As coisas não funcionam assim. Você tem que se sentir muito em cores pra fazer poesia. De frente para o vento. Coração alegre,mar. Só Deus sabe o quanto sou má... o quanto meu mundo é mesquinho, o quanto a minha artilharia é pesada, o quanto meu amar é cansado. Devo deixar a tentação da morte me pegar? Raquítico sentimento. Tenho medo de escrever. Tenho medo de escrever e não falar a verdade mais encostada a mim. Tenho medo desse instante pesado. Tenho medo da minha academia de sonhos e loucuras. Único estar cintilante,única obra linear! Ai, se eu simplesmente pudesse raiar por aí! Nas febres das maiores loucuras!... Ainda me ajoelho e rezo sobre as minhas migalhas. E sinto o mundo todo neste instante. O instante é perverso com a tinta permanente. Eu seguiria o ponto se ele me permitisse. Porque esta sensação de não-ser, rouba-me todos os tecidos humanos. Porque eu podia ser bem mais que o riso transpassante. E não tem você,que seja mais puro que isso. Do que a leveza de um instante-amor que a obrigação corrompe. No meu quarto-de-sonhar eu sou rainha do Universo. Em vísceras com a verdade.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Fluxo de consciência

Há tempos que cultivo esse suspiro. Medo embalado da pior verdade. E é tudo tão raro,tudo tão claro. Acho que não domino meu mundo direito. E não tem palavra que me corresponda. Tenho memórias de um tempo em que quase achei que seria feliz. A mais livre janela do Universo. Sobre olhares pouso medo. Angustio a minha paz. Um clichê esparramado na cama. Sobre que partes disto me deito? Mais um dia em que me escondo no meu nome. O amor demais transborda etílico. Não há porto,nem milagre. Essa música desperta infâncias em mim.Quanto mais sorrisos,mais mortes.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Carta para a amiga distante

Delicado abrigo das convulsões da alma humana. Quero cobrir-me do teu pó de fina essência. Porque no fim, o relógio tornou-se um ditador totalitário. E teu perpassar coabita com meu desespero. E tudo o que em minhas veias pulsa é soma do teu desprezo. É quando fazer sentido não é nada mais que uma piada fúnebre. E corre,corre de mim,natural como oxigênio nos pulmões. Aquecido desejo morto de tudo que não há ... porque sou reincidente de mim.