quarta-feira, 8 de setembro de 2010

[Diário]




Aqui estou eu tentando fazer um diário dar certo e escrever o que eu realmente penso e sinto.
Estou sempre ressentida com alguma coisa ou com alguém. Hoje,pela manhã,foi com a minha mãe,do nada,tivemos uma discussão, fiquei com os olhos marejados de lágrimas(longe da vista dela claro,que não gosto que me vejam chorando).
Essa sensibilidade toda não vem apenas da doença,ela sempre esteve comigo,sempre fui de chorar inútil(olha a poesia estando aonde não deveria estar! rs).
Continuo me entupindo de remédios, faltando à terapia,dormindo demais, e vez ou outra, fazendo um esforço sobre-humano para parecer ''normal''.
Refletindo sobre a bestialidade catastrófica que foi a minha vida(pode soar exagerado,mas o que digo procede,procede mesmo) tenho as explicações detalhadas do porquê de ter chegado até ao que venho ser agora. Nunca me senti num ''círculo''(nunca me senti amparada),por mais que tivesse brinquedos(minha família não é rica,mas tive alguns privilégios),coisas as quais eu almejasse,parecia que não havia nada. Enquanto eu me tornava esse ser humano sem forma(sem alma,como diria minha querida Sylvia Plath)meus pais se degladiavam em brigas idiotas (para alimentarem seus egos inseguros e despreparados para encarar qualquer relacionamento)sobre o pretexto de ciúme.
Assim crescemos eu e meus dois irmãos,no meio desse conflito egoísta e massacrante que nossos pais nos impunham. Não que nos faltasse roupa,comida,escola,nada disso.
Faltava-nos o principal:amor.
Meu pai era uma pessoa extremamente despreparada para a vida,cheio de traumas(o irmão mais velho morrera num acidente estúpido aos 21 anos,a mãe,sempre o colocara em segundo plano com relação ao irmão que morrera, além de minar sua já muito baixa auto-estima com palavras duras),sensível,covarde,irritante,mandão,dono da verdade,voluntarioso,machista,inseguro,irascível e, também,um suicida em potencial. Sabem aquela do a mão que afaga é a mesma que apedreja? Pois é. Ele era assim comigo.Tanto que ele morreu brigado com a minha pessoa. Às vezes sinto uma falta e uma pena dele desmedida e oca. Noutras desejo que ele queime no Inferno(isso se o Inferno existir mesmo).
Minha mãe é um capítulo à parte. Adora se fazer de vítima pra meio mundo,se queixa de tudo,reclama de sua sorte dia sim outro também;não se lembrando que boa parte das escolhas erradas,infrutíferas e totalmente catastróficas que ela tomou(entre elas me por no mundo) foram resultado dela mesma. Dela para ela ,como acontece com todos nós.
Em suma:enfiou o pé na jaca e agora não adianta chorar nem pedir pra Deus. Ela acredita em Deus ou pelo menos é assim que nos faz crer,embora a muito não frequente mais a igreja e nunca vimos mais rezando ou orando(como dizem os evangélicos).
Hoje ela me trata bem melhor do costumava quando eu era criança. Mas vez ou outra ela volta ao velho hábito e dá um jeitinho de mexer nas minhas vísceras. Creio ser ela a grande responsável pela bela bosta de estrutura psicológica(?) que tenho. Fez a merda e ainda não quer consertar(reclama de tudo,desde o preço dos remédios,ao tempo perdido em consultas com psiquiatras e psicólogos).
Ela é indiferente a mim.Uma criança não precisa que alguém lhe diga que ela não é amada,ela sente isso.
Da mesma forma que sinto um amor-ódio sem precedentes pelo meu pai, sinto também por ela. No entanto,a conta dela é mais alta. Mãe é coisa muito forte,muito forte de amor.Ou pelo menos,é o que deveria ser.




Estou muito sensível hoje.

2 comentários:

Franck disse...

Naná, que forte, mas desabafar é bom, pôr pra fora tudo que não seguramos mais... Continue vomitando, gritando, assim, quem sabe, dará certo! Bjs*

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Naná
Tem dia a a gente está mesmo à flor da pela. Aí todos os nossos ressentimentos vêem à tona. Gostei do desabafo é por aí mesmo.
Bjux

Postar um comentário